20 de setembro de 2017

Boku no Hero Academia 151 a 153 - O heroísmo de Mirio Togata


Saudações, guardiões!

Esse é o meu primeiro texto aqui no blog, apesar de ser um dos criadores e ter entrado no projeto antes do membro mais novo, Lucas Mazza. A vida estava corrida e não deu tempo de me dedicar direito, mas agora estamos aqui.

Mais uma vez Horikoshi Kouhei salva, em sua obra, um personagem de se encontrar com a nossa inevitável companheira: a morte. Muito se especulou sobre o resultado do embate de Lemillion (Mirio Togata) e Overhaul (Kai Chisaki), e a maior aposta era na morte do nosso herói. Felizmente ele conseguiu escapar desse destino. Felizmente?

Um herói caído

É este o ponto que essa postagem visa abordar. O mundo de Boku no Hero é um mundo onde os heróis não são vistos como vigilantes ilegais, mas sim grandes exemplos de coragem e altruismo. Um herói é venerado por seu esforço e capacidade de proteger aqueles que precisam de sua ajuda. E nesse mundo, se encontra o jovem Mirio Togata. Um jovem cuja individualidade é extremamente difícil de controlar, e que se esforçou ao máximo com o único propósito de se tornar um herói. Foram longos 17 anos de treinamento para que um dia os frutos fossem recolhidos.





O árduo treinamento de um herói.

É interessante analisar a obra por esse ponto. É a segunda vez que Kouhei "mata" um personagem figurativamente, e o faz com maestria. Em ambas as vezes, apesar de estar esperando pelo pior, 
O exato momento em que
todos ficamos tristes
pensando que uma morte real traria mais peso à obra, fui surpreendido por uma morte figurada que apesar de não parecer, trás tanto peso quanto. No caso de All Might, não tanto, pois o mesmo já previa o fim de sua carreira, e havia se preparado para isso. Com Mirio, isso foi completamente diferente. Foi um fim abrupto, uma vida de heroismo inteira destruída em um segundo. E apesar disso, ele não hesitou em nenhum momento, se sacrificando pelo bem de Eri. Mirio mostrou nesse capítulo o epítome do heroísmo, o auto-sacrifício em prol de outrem. Não há dúvidas sobre o porque de ele ter sido a primeira escolha de All Might para ser o próximo portador do One for All. 

Nós, seres humanos comuns, normalmente não conseguimos imaginar nada pior do que a morte. Para nós, ela representa o fim de qualquer possibilidade de recuperação, de novas experiências, de conseguir se superar. Porém, é bem verdade que há grandes sofrimentos no nosso mundo que talvez sejam piores do que a morte. Doenças, traumas, cicatrizes mentais, expectativas não realizadas e a inabilidade de se fazer o que se ama são coisas nas quais geralmente não pensamos. O caso de Mirio é exatamente o último. Em troca de cumprir o seu papel de herói, ele entregou todas as expectativas que sempre teve pelo seu futuro. E mesmo após perder seus poderes, ainda lutou bravamente. 

Essa escolha de se sacrificar pela Eri, porém, é consequência direta do primeiro embate dele (acompanhado de Midoriya) e Chisaki, e isso é outro ponto interessante de analisar. Midoriya, como um bom protagonista de Shonen, é um personagem capaz de alterar a percepção das pessoas sobre o mundo através de suas falas e ações. Em uma cena o contraste entre o heroísmo cauteloso de Mirio, e o heroísmo arriscado de Deku é apresentado, e em decorrênsiva de Mirio naquele momento, eles foram incapazes de resgatar a jovem Eri, em um momento onde Chisaki parecia estar vulnerável. Após perceber em retrospecto, o que isso significava, Mirio se torna obcecado com a ideia de resgatar Eri e consertar os seus erros. 


O heroísmo cauteloso de Mirio e o heroísmo arriscado de Deku

Fazendo uma conexão com o post do meu colega Saitama, Mirio retoma ainda mais fortemente o ideal de heroísmo que ele diz sentir falta nos comics atualmente. Um herói que se preocupa fortemente com o indivíduo, além do todo. Horikoshi Kouhei vem cada vez mais se mostrando um grande autor, construindo uma obra complexa e que por vezes quebra paradigmas estabelecidos do gênero battle shonen, de uma forma simples e de fácil entendimento. Espero que Boku no Hero ainda dure bastante na revista, e nos dê muitos capítulos tão maravilhosos quanto esses últimos três.

Um verdadeiro homão da porra, e um grande herói.