20 de outubro de 2017

Oyaji - Os Brutos também amam

 

Saudações, guardiões!

Vamos a mais um review, dessa vez um mangá curto, porém excelente. Conheçam Oyaji!

Oyaji é daqueles mangás que pegam um estereótipo e aumentam ele ao ridículo. E eu adoro esses mangás. Pense em Sakamoto desu ga, onde o personagem é Cool! Cooler! Coolest!!!, agora troque cool (maneiro) por manly (másculo). Essa é a premissa de Oyaji. Antes de ler essa review, eu recomendo que leia o mangá, são apenas três volumes, estando completos em inglês e em português. A narrativa é bem visual, então dá pra ler rapidinho.

Ó o tamanho do maluco
FICHA TÉCNICA

Título: Oyaji (親父, Meu velho, em tradução livre)
Tipo: Mangá
Número de volumes: 3 volume
Status: Completo
Gêneros: Ação, Drama, Slice of Life
Demografia: Seinen
Mangaká/Argumentista: Moriyama Tsuru
Artista/Desenhista: Moriyama Tsuru
Ano: 2000

SINOPSE

A história tem início com um membro da Yakuza invadindo uma casa, atrás de uma jovem. Uma mulher e um rapaz se encontram dentro da casa, e, indefesos contra o homem que os ameaça, não vêem o que fazer, a não ser chorar, impotentes. É aí então que aparece um homem que mais parece uma muralha, derruba o invasor com um soco, e entra na casa. Ao sentar no chão o homem profere apenas uma palavra: comida!


Traz o rango que eu tô com fome

HISTÓRIA (contém spoiler)

Após a revelação de que o homem misterioso é o pai dos jovens, o primeiro volume de Oyaji é recheado de ação e é focado no lado másculo de Kumada (o Oyaji, que em tradução livre seria algo como "O velho"um jeito informal de se referir a seu pai). Lutas de esquentar o sangue mostram o motivo pelo qual ele teve de abandonar sua família. Porém, o leitor que acha que a história seguirá esse clima de lutas pelo resto dos volumes não poderia estar mais enganado.

O pau vai cumê, mermão

Oyaji se utiliza de muitos flashbacks para construir o personagem de Kumada. Apesar de baseado no estereótipo de masculinidade japonês, do homem montanha, que não expressa sentimentos facilmente, fica cada vez mais claro que ele é um homem que ama sua família acima de tudo, e quer compensar o tempo que passou longe. Isso se destaca pela maneira como vê seus filhos, já quase adultos no presente, da forma como eram quando ele teve que partir forçosamente de casa.


Um dia nas casas de banho, como nos velhos tempos

Ao final do primeiro volume começamos a entender o porque de Kumada ter se tornado o que se tornou. Seu pai era alcóolatra e batia nele e em sua mãe, o que o obrigou a se tornar um homem forte para protegê-la. Há um paralelo com a cena onde seu filho está sendo ameaçado com uma faca, e ele diz pra ele se virar ao invés de ajudá-lo, mostrando a dureza do mundo em poucas palavras.

Vire home, cabra
A partir daí a história muda de rumo, e percebemos o lado mais emotivo do Oyaji, que parece sofrer de algum tipo de câncer no abdômen. Daqui em diante ele tenta viver os seus últimos momentos com sua família e acertar tudo o que puder antes de partir. Eles vão a uma casa de banhos juntos como nos velhos tempos, e aqui há mais um traço da estereotipação masculina exagerada do mangá. Não há meias palavras para dizer isso, então vamos lá: Kumada tem um caralhão. Não vou postar fotos aqui, mas tá lá no mangá, pra quem quiser ler. Chega a ser cômico de tão desproporcional que a coisa é. Fica o aviso para quem tem muitos pudores.

Toda rosa tem seu espinho
Ao final do mangá, o Oyaji some. Uma despedida seria dolorosa demais. Apesar de tudo, há uma certa beleza e uma aura paternal, não tão protetora demais, e não tão solta demais, que torna o Oyaji um modelo a ser seguido. É uma nobreza rústica que parece o cobrir de uma forma solene. Um personagem que inspira respeito e medo em doses variáveis, mas que embaixo de sua couraça, apresenta o amor velado de um amante e um pai dedicado.

O amor sofrido de um homem solitário
É uma obra curta, de qualidade inquestionável, apesar de seus exageros. Uma fábula de masculinidade, honra e amor tradicional em um mundo moderno.